quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Oniomania ou Transtorno do consumo compulsivo (1/2)


Existem pessoas que não conseguem resistir a uma vitrine, uma novidade tecnológica, roupas, sapatos, ou seja, aquela palavrinha mágica (promoção, liquidação, Sale) que soa em nossos ouvidos quase como um mantra atraindo-nos para o consumo. Quantos de nós já adquirimos produtos ou serviços por impulso e nos arrependemos posteriormente, ou quando a conta chega a nossa casa. Para esse importante tema fiz um post que foi dividido em duas etapas, onde aborto os sintomas da doença e como ela pode ser tratada.

Vivemos em uma sociedade baseada no consumo, onde possuir bens de consumo pode significar inclusão ou exclusão em determinados grupos ou classes sociais. Onde somente aqueles que possuem as roupas mais caras ou de determinada grife, um celular de ultima geração ou o carro mais novo conseguem frequentar e ser aceitos pelos outros e para isso precisam viver padrões de vida maiores que seus rendimentos. Uma sociedade altamente influenciada pelo capitalismo selvagem, pela mídia e ações de marketing de grandes empresas que visam o consumismo exagerado, tornando as pessoas cada vez mais reféns de hábitos de consumo impostos por tribos e grupos sócias. Onde é cada vez mais evidente a transferência de frustrações e problemas do dia-a-dia para o consumo com o objetivo de obter pequenos momentos de prazer. 

Afinal, o que é isso? Trata-se do transtorno do consumo compulsivo ou Oniomania, termo que tem origem grega e significa "loucura de comprar". Um problema que atinge homens e mulheres de diversas idades e já é encontrado em 8% da população Americana, assim como no Brasil que corresponde a  uma parte significativa dos 22% dos brasileiros que possuem dívidas impagáveis e de 85% das famílias que têm despesas superiores ao rendimento, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (Fonte: IstoÉ)

Pessoas que compram muitas coisas, que muitas vezes são desnecessárias, optam por objetos repetidos, sem utilidade, e escondem as aquisições dos familiares para não serem julgados. Esse problema afeta mais as mulheres que os homens e tende a aparecer por volta dos 18 anos de idade, pois apesar de não comprarem tanto, os jovens gastam horas experimentando roupas, aparelhos tecnológicos gerando enormes desejos e frustrações ao não adquiri-los.  O consumidor só se satisfaz ao adquirir o produto cobiçado, porém este perde seu valor após ser adquirido, uma vez que o que está por trás da compra pode ser a tentativa de suprir carências afetivas. Geralmente estas pessoas saem para comprar coisas quando sentem-se sozinhas ou decepcionadas com algo. A sensação de bem-estar pela compra é momentânea e imediatamente após a compra a pessoa percebe a gravidade da aquisição de mais uma dívida, seja no cheque, crediário, cartão de crédito, etc, e para evitar conflitos familiares costumam não levar os objetos para casa, escondem da família ou não desfazem os pacotes. A satisfação de comprar algo novo logo desaparece e então é preciso comprar outra coisa, tornando um ciclo vicioso. 

Tipos de consumidores:

– consumidor eventual ou equilibrado: compra por necessidade e só o necessário; Evita dívidas e economiza para comprar o que realmente lhe traz benefícios.

- Consumidor Neurótico: Não consegue ficar muito tempo longe de um shopping, associa aquele momento como prazer e não há um simples ato de consumo. Entra em todas as lojas e não compra nada. 

– consumidor impulsivo ou primitivo: não consegue resistir a um produto dos sonhos em promoção ou com um desconto significativo; Compra com frequência produtos repetidos (variando cores) e inúteis, acumulando-os em casa. 

– consumidor compulsivo ou psicótico: considera importante comprar sem considerar o que e quanto é, tenta compensar distúrbios emocionais através de compras.  Gasta mais do que ganha, acumula dívidas e compromete o orçamento e o convívio familiar devido a grandes problemas financeiros. Não consegue distinguir a diferença entre necessidade e vontade.




O consumo compulsivo pode comprometer desde o equilíbrio financeiro até o equilíbrio emocional e familiar, gerando em alguns casos a dissolução da família. Diante desta impossibilidade financeira e a incapacidade de adquirir novos produtos, sua ansiedade acaba aumentando e gerando consequências ainda piores. Pessoas que compram muitas coisas, que muitas vezes são desnecessárias, podem sofrer de problemas emocionais mais graves e devem procurar alguma forma de tratamento.  

Quais são os sintomas da doença?

Vale lembrar que Oniomania não é transtorno bipolar ou TOC. É preciso ter um tratamento próprio!

- Comprar o que não precisa.
- Mentir a si mesmo dizendo que esta compra foi muito necessária normalmente com argumentos fracos mas aos olhos da compradora parece ser muito racional. Como algo do tipo “não posso mesmo repetir a roupa pois há pessoas na festa que podem já ter me visto com as roupas que tenho, e por isso preciso comprar novas roupas”, "Eu mereço!", "Sou uma pessoa bem sucedida, não posso ficar andando desta forma. O que os outros vão pensar?", etc.
- Necessidade de autoafirmação.
- Comprar muitos produtos repetidos como sapatos, anéis, livros, etc.
- Aumento da compulsão e impulsividade diante de objetos atraentes; 
- Pensamentos de não encontrar mais aquele objeto; 
- Senso de necessidade de aquisição e, temor de não suportar as frustrações. 
- Tentativa de obter prazer, gratificação, satisfação ou alívio de emoções negativas como tristeza, frustrações, raiva, ansiedade, sentimento de vazio e angústia por meio de compras. 
- Gastos desmedidos; aquisição de produtos acima de suas possibilidades, sem ter o dinheiro nem expectativas de poder pagar
- Acumulo significativo de produtos, que muitas vezes nunca serão utilizados. 
- Culpa e arrependimento após a compra.  
- Incapacidade de avaliar os riscos ou resistir às promoções e perda do limite para aquisição de produtos promocionais.
- Não consegue distinguir a diferença entre necessidade e vontade.
- Manifestação de sintomas depressivos quando não pode gastar; quando percebe a gravidade da situação ou quando as dívidas são impagáveis.
- Dificuldade em admitir a existência de um padrão patológico de consumo; 
- Atribuir a culpa de seus comportamentos à família, ao emprego, patrão, condição social, governantes, etc. e relutância em procurar ou aceitar ajuda profissional. 



A compulsão por compras nem sempre envolve o descontrole de comprar só para si, mas em presentear, comprar para filhos, marido ou mulher, amigos, comprar objetos para casa, exceder nas compras de supermercado, comprar presentes e estocar em casa em caso de algum aniversário entre outros. O limite que separa doença de comportamentos normal é o prejuízo que este comportamento causa na vida deste comprador compulsivo. Ou seja, assim que  iniciar danos em qualquer esfera, seja pessoal, social, financeiro, ou qualquer outra esfera estamos falando de doença. 

Confira um questionários criado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo para uma breve análise dos sintomas.



Para ler a continuação deste texto clique aqui.

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